Podemos considerar o
Renascimento como um dos marcos iniciais
da Modernidade, ao refletir o conjunto de mudanças vivenciadas pela sociedade
urbana da Europa Ocidental.
INTRODUÇÃO
Renascimento é o nome que se dá a um grande movimento de mudanças culturais,
que atingiu as camadas urbanas da Europa Ocidental entre os séculos XIV e
XVI, caracterizado pela retomada dos valores da cultura greco-romana, ou seja,
da cultura clássica. Esse momento é considerado como um importante período
de transição envolvendo as estruturas feudo capitalistas.
As bases desse movimento eram proporcionadas por uma corrente filosófica
reinante, o humanismo, que descartava a escolástica medieval, até então predominante,
e propunha o retorno às virtudes da antiguidade.
Platão, Aristóteles, Virgílio, Sêneca e outros autores greco-romanos começam
a ser traduzidos e rapidamente difundidos.
Platão
Os Valores
O movimento renascentista envolveu uma
nova sociedade e portanto novas relações sociais em seu cotidiano. A vida
urbana passou a implicar um novo comportamento, pois o trabalho, a diversão,
o tipo de moradia, os encontros nas ruas, implicavam por si só um novo comportamento
dos homens. Isso significa que o Renascimento não foi um movimento de alguns
artistas, mas uma nova concepção de vida adotada por uma parcela da sociedade,
e que será exaltada e difundida nas obras de arte.
Apesar de recuperar os valores da cultura
clássica, o Renascimento não foi uma cópia, pois utilizava-se dos mesmos conceitos,
porém aplicados de uma nova maneira à uma nova realidade.
Assim como os gregos, os homens
“modernos” valorizaram o antropocentrismo: “O homem
é a medida de todas as coisas”; o entendimento do mundo passava a ser
feito a partir da importância do ser humano, o trabalho, as guerras, as transformações,
os amores, as contradições humanas tornaram-se objetos de preocupação, compreendidos
como produto da ação do homem.
Uma outra característica marcante foi
o racionalismo, isto é, a convicção de que tudo pode ser explicado pela razão
do homem e pela ciência, a recusa em acreditar em qualquer coisa que não tenha
sido provada; dessa maneira o experimentalismo, a ciência, conheceram grande
desenvolvimento. O individualismo também foi um dos valores renascentistas
e refletiu a emergência da burguesia e de novas relações de trabalho. A idéia
de que cada um é responsável pela condução de sua vida, a possibilidade de
fazer opções e de manifestar-se sobre diversos assuntos acentuaram gradualmente
o individualismo. É importante percebermos que essa característica não implica
o isolamento do homem, que continua a viver em sociedade, em relação direta
com outros homens, mas na possibilidade que cada um tem de tomar decisões.
Foi acentuada a importância do estudo
da natureza; o naturalismo aguçou o espírito de observação do homem. O hedonismo
representou o “culto ao prazer”, ou seja, a idéia de que o homem
pode produzir o belo, pode gerar uma obra apenas pelo prazer que isso possa
lhe proporcionar, rompendo com o pragmatismo.
O Universalismo foi uma das principais
características do Renascimento e considera que o homem deve desenvolver todas
as áreas do saber; podemos dizer que Leonardo da Vinci é o principal modelo
de “homem universal”, matemático, físico, pintor e escultor, estudou
inclusive aspectos da biologia humana.
Canhão, invenção de Leonardo da Vinci
ITÁLIA: O Berço do Renascimento
Esse é uma expressão muito utilizada,
apesar de a Itália ainda não existir como nação. A região italiana estava
dividida e as cidades possuíam soberania. Na verdade o Renascimento desenvolveu-se
em algumas cidades italianas, principalmente aqueles ligadas ao comércio.
Desde o século XIII, com a reabertura
do Mediterrâneo, o comércio de várias cidades italianas com o oriente intensificou-se
, possibilitando importantes transformações, como a formação de uma camada
burguesa enriquecida e que necessitava de reconhecimento social. O comércio
comandado pela burguesia foi responsável pelo desenvolvimento urbano, e nesse
sentido, responsável por um novo modelo de vida, com novas relações sociais
onde os homens encontram-se mais próximos uns dos outros. Dessa forma podemos
dizer que a nova mentalidade da população urbana representa a essência dessas
mudanças e possibilitará a Produção Renascentista.
Podemos considerar ainda como fatores
que promoveram o renascimento italiano, a existência de diversas obras clássicas
na região, assim como a influência dos “sábios bizantinos”, homens
oriundos principalmente de Constantinopla, conhecedores da língua grega e
muitas vezes de obras clássicas.
Florença
A Produção Renascentista
É necessário fazer uma diferenciação entre
a cultura renascentista; aquela caracterizada por um novo comportamento do
homem da cidade, a partir de novas concepções de vida e de mundo, da Produção
Renascentista, que representa as obras de artistas e intelectuais, que retrataram
essa nova visão de mundo e são fundamentais para sua difusão e desenvolvimento.
Essa diferenciação é importante para que não julguemos o Renascimento como
um movimento de “alguns grandes homens”, mas como um movimento que
representa uma nova sociedade, urbana caracterizada pelos novos valores burguesas
e ainda associada à valores cristãos.
O mecenato, prática comum na Roma antiga,
foi fundamental para o desenvolvimento da produção intelectual e artística
do renascimento. O Mecenas era considerado como “protetor”, homem
rico, era na prática quem dava as condições materiais para a produção das
novas obras e nesse sentido pode ser considerado como o patrocinador, o financiador.
O investimento do mecenas era recuperado com o prestígio social obtido, fato
que contribuía com a divulgação das atividades de sua empresa ou instituição
que representava. A maioria dos mecenas italianos eram elementos da burguesia,
homens enriquecidos com o comércio e toda a produção vinculada à esse patrocínio
foi considerada como Renascimento Civil.
Encontramos também o Papa e elementos
da nobreza praticando o mecenato, sendo que o Papa Júlio II foi o principal
exemplo do que denominou-se Renascimento Cortesão.
Moisés, obra de Michelangelo para o Papa Julio II
A Expansão do Renascimento
No decorrer do século XVI a cultura renascentista
expandiu-se para outros países da Europa Ocidental e para que isso ocorresse
contribuíram as guerras e invasões vividas pela Itália. As ocupações francesa
e espanhola determinaram um conhecimento melhor sobre as obras renascentistas
e a expansão em direção a outros países, cada um adaptando-o segundo suas
peculiaridades, numa época de formação do absolutismo e de início do movimento
de Reforma Religiosa.
O século XVI foi marcado pelas grandes
navegações, num primeiro momento vinculadas ao comércio oriental e posteriormente
à exploração da América. A navegação pelo Atlântico reforçaram o capitalismo
de Portugal, Espanha e Holanda e em segundo plano da Inglaterra e França.
Nesses “países atlânticos” desenvolveu-se então a burguesia e a
mentalidade renascentista.
Esse movimento de difusão do Renascimento
coincidiu com a decadência do Renascimento Italiano, motivado pela crise econômica
das cidades, provocada pela perda do monopólio sobre o comércio de especiarias.
A mudança do eixo econômico do Mediterrâneo
para o Atlântico determinou a decadência italiana e ao mesmo tempo impulsionou
o desenvolvimento dos demais países, promovendo reflexos na produção cultural.
Miguel de Cervantes, representante do Renascimento espanhol
Outro fator fundamental para a crise do
Renascimento italiano foi a Reforma Religiosa e principalmente a Contra Reforma.
Toda a polêmica que desenvolveu-se pelo embate religioso fez com que a religião
voltasse a ocupar o principal espaço da vida humana; além disso, a Igreja
Católica desenvolveu um grande movimento de repressão, apoiado na publicação
do INDEX e na retomada da Inquisição que atingiu todo indivíduo que de alguma
forma de opusesse a Igreja.
Como o movimento protestante nõ existiu
na Itália, a repressão recaiu sobre os intelectuais e artistas do renascimento.
Renascimento Cultural
Manifesta-se através de uma explosão de criações artísticas, literárias e
científicas que revalorizam a Antiguidade clássica greco-romana e o humanismo.
Chocam-se com os dogmas religiosos e as proibições da Igreja Católica, enfrentam
a Inquisição e criticam o mundo medieval. Vários dos literatos e cientistas
desse período são perseguidos e mortos. Seus precursores são Dante Alighieri,
Petrarca e Bocaccio.
Mecenas
A difusão das idéias da Antiguidade clássica na Itália e outros centros europeus
se dá, inicialmente, por emigrados gregos, judeus e bizantinos. Mas é a concentração
da riqueza nos comerciantes e banqueiros dos centros urbanos que permite transformar
a arte e a cultura em produtos comerciais e fazer com que potentados econômicos
como os Medici de Florença se tornem grandes mecenas ou incentivadores do
movimento cultural e artístico da época.
HUMANISMO
Tem por base o neoplatonismo, que exalta os valores humanos e tenta dar nova
dimensão ao homem. O humanismo se expande a partir de 1460, com a fundação
de academias, bibliotecas e teatros em Roma, Florença, Nápoles, Paris e Londres.
A escultura e a pintura redescobrem o corpo humano . A arquitetura retoma
as linhas clássicas e os palácios substituem os castelos. A música instrumental
e vocal polifônica se sobrepõe ao cantochão (monótico). Expandem-se a prosa
e a poesia literárias, a dramaturgia, a filosofia e a literatura política.
Filosofia
O holandês Erasmo de Roterdã rechaça a intolerância escolástica, critica
a guerra, a avareza, os vícios da igreja e nega a predestinação. Vives, da
Espanha, afirma que os sentidos abrem caminho ao conhecimento, propõe o método
indutivo e inicia a psicologia. Giordano Bruno, da Itália, defende a idéia
de um infinito sem ponto central e de uma única matéria universal, da qual
Deus seria o intelecto.
Literatura poética
O italiano Ariosto cria o poema épico cavaleiresco, legendário e realista.
Tasso exprime o sentimento religioso da contra-reforma. Rabelais (França)
faz poemas satíricos e epicuristas. Camões (Portugal) cria a épica dos descobrimentos
marítimos.
Dramaturgia
Marlowe, inglês, recupera a tradição germânica do Dr. Fausto. Ben Jonson,
também inglês, retoma as lendas sobre os alquimistas. Gil Vicente (Portugal)
faz novelas picarescas. Shakespeare (Inglaterra), com dramas históricos, comédias
de intrigas e tragédias, torna-se o maior dramaturgo de todos os tempos.
Artes plásticas
Michelangelo (Itália) esculpe Moisés e Pietá , pinta o teto, as paredes principais
e o altar-mor da Capela Sistina. Leonardo da Vinci (Itália) projeta palácios,
inventa mecanismos, faz esculturas e pinta a Santa Ceia, Mona Lisa ou Gioconda.
Fra Angélico, Boticelli, Rafael, Tiziano, Tintoretto e El Greco são destaques
numa legião de pintores italianos e espanhóis que deixam obras inigualáveis.
Literatura política
Maquiavel (Itália) é o iniciador do moderno pensamento político. Morus (Inglaterra)
critica a sociedade feudal e descreve um Estado ideal (Utopia), localizado
numa república de organização comunitária. Campanela (Itália) afirma o princípio
da autoconsciência e descreve uma sociedade ideal inspirada em Morus.
Nicolau Maquiavel (1469-1527)
Historiador, político e filósofo italiano. A partir de 1498 é chanceler e
depois secretário das relações exteriores da República de Florença. Desempenha
missões no exterior e, em 1502, passa cinco meses como embaixador junto a
Cesare Borgia, cuja política enérgica e inescrupulosa lhe inspira admiração.
O fim da República e a volta dos Medici ao poder, em 1512, leva-o ao exílio.
Nesse período escreve sua obra mais famosa, O príncipe, marco do pensamento
político moderno. O livro é uma espécie de manual de política destinado a
ensinar aos príncipes como manter o poder, mesmo às custas de mentira e meios
amorais. Torna famoso o princípio “Os fins justificam os meios”.
Grandes invenções
O polonês Copérnico fundamenta a noção de que o Sol é o centro do universo
(heliocentrismo). Paracelso, da Suíça, reforma a química e a medicina. Leonardo
da Vinci inventa a prensa hidráulica e as máquinas voadoras. O alemão Kepler
inventa o telescópio e demonstra as teorias de Copérnico. O italiano Galileu
Galilei desenvolve métodos científicos de análise da realidade e de comprovação
experimental. A imprensa de letras metálicas móveis é inventada pelo alemão
Johann Gutemberg em 1445. A pólvora começa a ser utilizada como arma de guerra.
Em 1500 é inventado o relógio de bolso.
Resumo sobre o Renascimento
Movimento Renascentista ou apenas Renascimento foi o nome dado ao Renascimento
Cultural que aconteceu durante os séculos XIV, XV e XVI na Europa, e que procurava
resgatar a cultura esquecida durante os tempos medievais.
As principais características do Renascimento foram o Racionalismo, Experimentalismo,
Individualismo e Antropocentrismo. Uma grande característica do Renascimento
foi o Humanismo que valorizava o homem, que a partir daí começou a ser tratado
como ser racional e posto assim no centro do Universo.
O Renascimento também foi marcado por importantes descobertas científicas,
notadamente nos campos da astronomia, física, medicina, matemática e geografia.
O Renascimento nasceu na Itália, mais especificamente nas cidades que enriqueceram
com o comércio no Mediterrâneo. Porém com a expansão marítima a idéia Renascentista
foi divulgada por diversas partes do mundo como na Inglaterra, Alemanha e
os Países Baixos.
O Renascimento foi muito importante também, porque foi a principal influencia
dos pensadores Iluministas do século XVII.
Fonte: www.geocities.com